Reciclagem

Consumo consciente estimula produção de joias e peças com ouro e prata reciclados

Consumo consciente estimula produção de joias e peças com ouro e prata reciclados - Fitec Tec News

Seja no segmento de design de joias, seja na produção de equipamentos eletrônicos, a utilização de metais como ouro e prata está impulsionando a reciclagem desses minerais, já que os consumidores estão cada vez mais adeptos a adquirir produtos mais sustentáveis e vindos do trabalho justo e digno.

Fazendo um panorama, segundo dados do World Gold Council, 25% do ouro e 18% da prata disponível no mercado global vêm de fontes recicladas, como joias antigas, peças herdadas e resíduos industriais, consumindo até 90% menos energia do que a extração primária.

Na visão de Mônica de Moraes Campos, assessora de investimentos, em artigo ao Valor, mesmo com o cenário favorável, o caminho para a expansão desse tipo de reciclagem ainda demanda uma abordagem mais ativa e estimulada, indo além de casos em que a pessoa recorre a venda de uma peça antiga por conta de uma dificuldade financeira, por exemplo.

Ela exemplifica o caso da prata, muito utilizada na produção de painéis solares e eletrônicos, porém boa parte do metal não é reaproveitada por inviabilidade econômica, já que depende mais do ciclo de vida desses itens e questões regulatórias do que da cotação em si, que, consequentemente, estimule a venda desse metal.

 

Joias de ouro: apelo emocional, consciência ambiental

O que antes era sinônimo de ostentação, agora a aquisição de uma joia é levada em conta uma série de fatores, o que engloba a atemporalidade. Afinal, muitas pessoas estão recorrendo a, inclusive, ressignificar suas peças mais antigas, dando uma “nova cara” a uma joia que poderia ficar esquecida em um porta-joias.

“Quando um cliente traz uma joia antiga para ser recriada, estamos reciclando não apenas o material, mas também a história. O ouro ganha uma nova vida, novas histórias e a peça passa a refletir o estilo e o momento atual da pessoa, com propósito e identidade”, comenta Sarah Baldin, designer de joias e fundadora da Emiliana, empresa que trabalha com esse tipo de upcycling.

Ela acrescenta que a reutilização do ouro carrega um significado duplo: ambiental e emocional, uma oportunidade de o mercado joalheiro apostar em designs mais limpos e versáteis, que ultrapassam modismos e priorizam a longevidade. “Uma peça com design leve e minimalista pode acompanhar diferentes fases da vida e diferentes estilos, o que torna o consumo mais consciente e duradouro, inclusive ao passar a peça para novas gerações”, destaca.

 

Prata e painéis solares

 Como citado, a indústria de tecnologia utiliza a prata na produção de seus equipamentos e, para estar em consonância com os pilares ESG, está revendo seus processos para um uso mais consciente desse metal.

De acordo com uma pesquisa da consultoria global EY, em 2023 a demanda pela prata no setor industrial cresceu 8% em comparação a 2022, especialmente aos investimentos contínuos em iniciativas de transição energética, o que deverá ser ainda maior nos próximos anos.

Dos veículos elétricos a aparelhos eletrônicos, das redes 5G e em sistemas de geração e distribuição de energia, esses avanços demandarão ainda mais o uso desses metais, o que também estimula atividades e estudos para sua reciclagem, estima a consultoria.

Um exemplo vem da academia: na Suécia, a Universidade de Tecnologia Chalmers desenvolveu um processo de recuperação de prata em até 100% a partir de placas solares (película finas); já na Austrália, a Universidade de Nova Gales do Sul (UNSW), em Sidney, está desenvolvendo soluções para reciclar esses painéis com a possibilidade de recuperar a prata com maior eficiência.

 

Por Keli Vasconcelos – Jornalista

 

Foto:  Divulgação

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