Toda edificação precisa de um teto e ao pensar na construção verde, o reaproveitamento é um ponto determinante, desde a fabricação desse produto. É o caso da Isdralit, integrante do Grupo Isdra (PR), que realiza o reaproveitamento de telhas com imperfeições no processo produtivo.
As peças que antes seriam descartadas passam por um setor de recorte e são ajustadas para atender outros modelos ou são repassadas a parceiros, que as utilizam em aplicações diversas, como coberturas de galpões e tapumes.
Ao todo, já foram mais 8.980 toneladas de telhas reutilizadas desde 2018, incluindo a massa de cimento proveniente na produção. Nesse caso, o material é encaminhando a parceiros, que o incorporam em novos produtos de construção civil. “Transformar resíduos em insumos é uma forma de reduzir custos e, principalmente, o impacto ambiental. A economia circular nos desafia a repensar processos e enxergar valor onde antes só havia descarte”, conta Iona Lemmertz, coordenadora de meio ambiente do Grupo.
Exemplo internacional de reaproveitamento inteligente
Outra boa prática vem da Austrália: uma parceria entre a Universidade RMIT e Bristile Roofing demonstraram que é possível fabricar telhas de concreto de baixa emissão usando resíduos industriais. O projeto utilizou cinzas de carvão e vidro reciclado, materiais difíceis de reaproveitar, para criar produtos mais leves, resistentes e com melhor desempenho térmico.
“A análise ambiental mostrou uma redução de 13% nas emissões de CO₂ ao substituir parte do cimento e da areia de rio por resíduos industriais, diminuindo a extração de materiais virgens e o volume de resíduos enviados a aterros”, informa matéria do site Noticias Ambientales.
Já foram fabricadas 300 unidades e além das telhas, também foram feitos tijolos com 15% de cinza de lagoa e 20% de vidro reciclado, com estimativas de produção futuramente em larga escala desses produtos.
Da construção ao telhado
No Brasil, a cidade de Arapiraca (AL) conta com uma usina que realiza a reciclagem de resíduos da construção civil, retirando do meio ambiente 136 toneladas de entulho por mês. Inaugurada em fevereiro de 2025, a iniciativa vem da empresa Urban Ambiental, com aporte do Banco do Nordeste (BNB).
O ciclo começa na coleta de resíduos a partir de caçambas alugadas pelos clientes da empresa. Os materiais recebidos são destinados para fabricação de blocos e telhas, e diversos artefatos pré-fabricados, a exemplo de bancos, caixas de inspeção de água e esgoto, e tubos de concreto.
Mayk Melo, sócio-diretor da empresa, salienta que é preciso ainda mais conscientização para o descarte correto desses resíduos e o reaproveitamento, combatendo assim a irregularidade, já que esses materiais quando jogados em praças ou mesmo em leitos de rios tornam-se um foco de doenças, contaminação de solo e desvalorização do espaço público. “Com a implantação da usina, há um impacto positivo para o meio ambiente e para o setor da construção civil”, conclui.
Por Keli Vasconcelos – Jornalista
Foto: Divulgação
