Ao percorrer a extensão de um dos mais famosos corredores culturais de São Paulo, a Avenida Paulista, muitas pessoas não percebem os remanescentes de Mata Atlântica, nascentes de rios, como o Saracura, e terrenos que resguardaram narrativas sobre a fundação da cidade, especialmente no que se refere ao crescimento imobiliário, o apagamento histórico e a natureza que se encontram e ainda resistem ali.
Em consonância com a promoção da educação ambiental e os últimos eventos mundiais que discutiram – e discutem – o clima, muitos centros culturais e empresas realizam atividades e iniciativas para esse despertar, a exemplo da Casa das Rosas, que recentemente promoveu uma caminhada histórica por espaços como os parques Trianon e Mário Covas.
Com o tema Museus em Clima de Mudança, as casas culturais administradas pela Poiesis – Instituto de Apoio à Cultura, à Língua e à Literatura (Casa Guilherme de Almeida, Casa Mário de Andrade e Casa das Rosas) além da caminhada, realizaram rodas de conversa e de escuta, mostras artísticas e de poesia com foco no pensamento crítico entre arte e sustentabilidade.
Além de centros culturais, preservação do patrimônio
Outra ação vem do Rio Grande do Sul: a Casa Amarela, construída no início do século XX e abrigou por décadas a sede da Prefeitura São Francisco de Paula, foi destinada como espaço cultural em novembro de 2024, data de seu tombamento como patrimônio municipal, e agora passará por um processo de restauro.
Segundo a prefeitura, proprietária do imóvel, o financiamento vem por meio da Lei de Incentivo à Cultura do estado (LIC-RS) e patrocínio das empresas MDA Alimentos, Marini Compensados e Spraytools, além de aportes da cooperativa de crédito Sicredi. “A Casa Amarela representa a materialização das políticas culturais do município e a parceria com empresários e a produção cultural da comunidade é poder realizar com a certeza de que estamos no caminho certo”, comenta Rafael Castello Costa, secretário municipal de Turismo e Cultura.
Indústria e Cultura
Uma pesquisa feita com 144 empresas da indústria baiana revelou que a maior parte delas valoriza a cultura e seu impacto social. Na outra ponta, dificuldades de acesso a leis de incentivo ainda são alguns dos entraves para sua aplicabilidade mais efetiva. Os dados foram apresentados em evento recente promovido pelo Serviço Social da Indústria (SESI Bahia, publicação do tema aqui), em que reuniu pesquisadores, gestores e especialistas para discutir o papel estratégico dos investimentos em cultura no fortalecimento das empresas e a contribuição para sustentabilidade, inovação, competitividade e bem-estar.
Uma das palestrantes, a pesquisadora Lilian Hanania (Brasil/França), frisou a importância da inserção da cultura nas estratégias de sustentabilidade empresarial. “A cultura é uma dimensão fundamental do desenvolvimento sustentável, contribui para a performance econômica das empresas, assim como para a estabilidade social e redução de conflitos”, diz.
Por Keli Vasconcelos – Jornalista
Foto: Keli Vasconcelos
