Por Lorena Zapata
Diretora de Novos Negócios e Sustentabilidade na Engeper Ambiental e Perfurações
A escassez de água no Brasil deixou de ser uma previsão distante e se tornou uma realidade concreta e preocupante. Eventos climáticos extremos, que vão de secas prolongadas a enchentes devastadoras, já comprometem reservatórios e aumentam a vulnerabilidade de milhões de pessoas e empresas. A questão central não é mais se a água vai faltar, mas sim para quem ela faltará primeiro. Diante disso, a água precisa ser encarada não apenas como recurso natural, mas também como ativo estratégico essencial para a competitividade e continuidade dos negócios e para a sustentabilidade econômica do país.
A crise hídrica já se configura como uma questão econômica e estratégica. Setores industriais, agrícolas e de serviços dependem da segurança no abastecimento de água, e a perda desse equilíbrio compromete diretamente a competitividade do país. Segundo o Ministério da Integração Nacional e do Desenvolvimento Regional, até 2040 algumas regiões brasileiras — como Norte, Nordeste, Centro-Oeste e parte do Sudeste — podem registrar uma redução de até 40% na disponibilidade hídrica. Nesse cenário, investir em soluções de monitoramento, telemetria de poços e tecnologias de tratamento, como a Eletrodiálise Reversa (EDR), deixa de ser filantropia ou greenwashing e se torna uma estratégia essencial de sobrevivência.
Competitividade empresarial
Embora iniciativas de gestão hídrica envolvam custos de implementação e retorno a longo prazo, a ausência de investimentos tende a ser ainda mais onerosa. Empresas que não se antecipam à crise podem enfrentar interrupções de produção, perda de mercado e até inviabilidade operacional. O custo da inação é exponencialmente maior do que o da adaptação. Além disso, avanços tecnológicos recentes tornam essas soluções mais acessíveis, reduzindo barreiras à sua adoção. O futuro da indústria brasileira depende de uma mudança de mentalidade profunda: é preciso deixar de tratar a água como recurso abundante e barato e reconhecê-la como patrimônio estratégico.
A competitividade da nova indústria estará diretamente ligada à capacidade de gerenciar recursos hídricos com inteligência, adotando tecnologias inovadoras, processos de reaproveitamento e sistemas de monitoramento que aumentem a resiliência operacional. Empresas que incorporarem essa visão não apenas protegem sua operação, mas também fortalecem sua reputação, reduzem desperdícios e garantem vantagem sustentável em um mercado cada vez mais consciente sobre a escassez de água.
Portanto, enfrentar a crise hídrica não é apenas uma questão ambiental, mas de sobrevivência econômica. As empresas que enxergarem a água como ativo estratégico estarão mais preparadas para resistir às mudanças climáticas e contribuir para um desenvolvimento sustentável e inclusivo. As que insistirem em negligenciar esse cenário estarão à mercê de um futuro de restrições severas, em que o acesso à água poderá determinar quem permanece competitivo e quem fica para trás.

Lorena Zapata
É especialista em sustentabilidade industrial, diretora de novos negócios e sustentabilidade na Engeper Ambiental e Perfurações, com vasta experiencia em implantação da tecnologia de eletrodiálise reversa (EDR) como transição ecológica para indústrias.
Foto: ChatGPT/Engeper Ambiental/Reprodução
