Mudanças Climáticas

Alfabetização climática se consolida nas escolas brasileiras

Alfabetização climática se consolida nas escolas brasileiras - Fitec Tec News

Nas próximas semanas, líderes de quase 200 países se reunirão em Belém para discutir os rumos do planeta diante da emergência climática. No Brasil, esse debate já ganhou espaço dentro das salas de aula. Escolas têm desenvolvido projetos, como os que favorecem a alfabetização climática, que aproximam os alunos dos desafios ambientais e mostram que a resposta à crise climática começa com conhecimento, cooperação e mudança de comportamento.

A COP30 colocará o país no centro das discussões sobre descarbonização, transição energética e justiça climática, mas é na rotina escolar que muitos desses temas se transformam em experiências concretas. Da compostagem nas turmas iniciais ao uso de biotecnologia e inteligência artificial no ensino médio, estudantes aprendem que compreender o clima é compreender a própria vida em sociedade.

Em diferentes redes e contextos, instituições brasileiras antecipam na prática o que será discutido em Belém: como educar uma geração capaz de cuidar da Terra e repensar a relação entre desenvolvimento, natureza e futuro.

 

Alfabetização climática

Na Escola Vera Cruz, a preocupação ambiental está presente na prática pedagógica cotidiana. O articulador curricular André Reinach explica que a escola busca relacionar os conteúdos de Ciências e Geografia com situações reais, ajudando os alunos a compreenderem o papel humano nas transformações do planeta. “O estudante precisa entender que cada decisão individual está ligada a processos ecológicos, sociais e econômicos. A ciência não é um conjunto de fórmulas, mas um modo de olhar o mundo”, afirma. Projetos sobre consumo consciente, uso racional da água e impactos das tecnologias ambientais atravessam os diferentes segmentos, com investigações e experiências que ampliam a percepção das crianças sobre o ambiente em que vivem.

Release Vera Cruz: *A escola que ensina a pensar o clima antes de medi-lo*

No Colégio Magno e Mágico de Oz, a sustentabilidade se consolidou em um programa institucional estruturado nos princípios ESG, que envolvem dimensões ambientais, sociais e de governança. A diretora Claudia Tricate explica que a escola adota práticas de responsabilidade ambiental e social há muitos anos, engajando alunos, professores e famílias em ações permanentes. As crianças aprendem sobre reaproveitamento de materiais, separação de resíduos e biodiversidade, enquanto os mais velhos discutem consumo, economia circular e protagonismo juvenil. O objetivo é formar cidadãos conscientes da interdependência entre a vida humana e os ecossistemas, e capazes de liderar transformações éticas e sustentáveis.

 

Tecnologia e sustentabilidade

Release Colégio Magno – *Da horta à inteligência artificial: o ESG vivido na escola*

No Centro Educacional Pioneiro, o compromisso ambiental se articula ao desenvolvimento de competências empreendedoras e éticas. O Projeto Trilha, desenvolvido com turmas do 9º ano, convida os alunos a criar produtos e experiências para financiar a viagem de final de ciclo, articulando educação financeira, planejamento coletivo e sustentabilidade. Os estudantes analisam a origem e o impacto dos materiais utilizados, avaliam custos e aprendem sobre responsabilidade no consumo. Para a coordenadora pedagógica Selma Alfonsi, a aprendizagem é mais efetiva quando o estudante compreende que suas escolhas têm consequências sociais e ambientais. “O cuidado com o planeta se fortalece quando está associado ao cotidiano e às relações humanas”, diz.

No Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, o diálogo entre tecnologia e natureza orienta os projetos interdisciplinares do ensino técnico. Em atividades que integram biotecnologia, automação e ciências exatas, os alunos desenvolvem sensores que medem o consumo de água e energia, criam sistemas de captação de chuva e estudam processos de fermentação natural. A coordenadora de Ciências da Natureza, Nicolle Reuter, observa que o aprendizado se torna significativo quando o estudante enxerga a ciência como instrumento de transformação social. “Quando percebe que um experimento pode melhorar a vida das pessoas, o aluno entende que aprender é agir sobre o mundo”, afirma. O coordenador de Matemática, Wiliam Sabino, acrescenta que o raciocínio lógico, aplicado a problemas reais, ajuda a compreender a interdependência entre desenvolvimento e preservação.

Release Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo –  *O que a COP30 tem a ver com a sala de aula*

Na Escola Tarsila do Amaral, zona norte de São Paulo, o projeto Ciência da Terra, desenvolvido com o segundo ano do ensino fundamental, introduz conceitos ecológicos de forma lúdica e investigativa. A professora Kamilla Ferreira explica que o trabalho começa com a observação de um minhocário, criado com apoio da comunidade escolar. As crianças estudam a decomposição da matéria orgânica e o papel das minhocas e microrganismos na formação do húmus, base do solo fértil. O projeto é inspirado na obra da agrônoma Ana Primavesi, referência em agroecologia, e leva os alunos a perceberem que a Terra é um sistema vivo, sustentado pela cooperação entre espécies. O grupo também experimenta tintas naturais e brincadeiras indígenas que relacionam corpo, arte e natureza.

Release Escola Tarsila do Amaral – *Cuidar da terra, cultivar o conhecimento*

No Colégio Equipe, a educação climática nasce do cotidiano e se estende por toda a trajetória escolar. No 3º ano do ensino fundamental, a professora Lúcia Helena Nogueira propõe às crianças experiências que revelam o funcionamento dos ecossistemas e a responsabilidade humana na preservação da natureza. Elas constroem terrários para observar o ciclo da água, produzem tintas naturais e aprendem a reutilizar materiais, sempre articulando ciência e expressão artística. A diretora Luciana Fevorini explica que esse olhar inicial se transforma em reflexão crítica nos anos seguintes, quando os alunos investigam o impacto das ações humanas sobre o meio ambiente e discutem as relações entre política, economia e sustentabilidade.

Foto: Freepik

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