Em um mundo cada vez mais conectado, não raro encontrarmos em redes sociais e grupos de mensagens teorias diversas, muitas delas sem comprovação, sobre meio ambiente, de pessoas ditas “especialistas”. O que pode parecer inofensivo torna-se drástico, especialmente no que se refere ao compartilhamento das famosas Fake News quando o assunto é meio ambiente.
E estudos mostram que há a necessidade de um “letramento” em relação a temas que estão pululando nas telas, como emergência climática. De acordo com um levantamento inédito do Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação em Emergências Climáticas em Emergências Climáticas (NAPI-EC), vinculado à Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UTFPR) e financiado pela Fundação Araucária, entre 94% e 98% dos respondentes acreditam na existência desse fenômeno, mas a compreensão sobre suas causas e consequências varia bastante.
Participaram 456 pessoas de Curitiba, entre cinco a mais de 70 anos e, fazendo um recorte, 61% a 64% das de 30 a 60 anos, disseram entender o tema, enquanto na faixa de 13 a 18 anos, 57% declararam não saber explicar sobre mudanças climáticas, e idosos de 61 a 70 anos, 45% afirmaram compreender parcialmente o assunto. “Precisamos pensar em posturas adaptativas que por sua vez demandam novas formas de comunicação, incentivando a atuação da sociedade civil e contribuam com os gestores com novas formas de pensarmos as cidades”, explica a professora doutora Líbia Patrícia Peralta Agudelo, pesquisadora da UTFPR e líder do estudo.
Outro ponto que chama a atenção na pesquisa é que a maioria das pessoas associa mudanças climáticas apenas a notícias da mídia, como desastres e emissão de gases, sem considerar fatores cotidianos como consumo, descarte de resíduos e expansão urbana: “Antes mesmo de falarmos sobre elevação de temperatura nas lavouras, por exemplo, precisamos que as pessoas entendam que, se isso acontece no campo, afeta também a cidade. Os preços sobem, as exportações caem, e isso gera fome. O efeito é imediato”, alerta.
Público e COP30
Assunto presente praticamente todos os dias na mídia, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), a ocorrer em novembro, em Belém, Pará, ainda é uma “ilustre desconhecida” da maioria dos brasileiros. É que o aponta a pesquisa realizada pela consultoria Ipsos-Ipec, com 2 mil pessoas em 132 municípios, entre os dias 4 e 8 de setembro.
O estudo mostra que 64% da população apoia a realização do evento, porém 55% se reconhece como “nada informada” e somente 6% se consideram “muito informados”. O desconhecimento é maior entre pessoas com ensino fundamental (62%) e com renda familiar de até um salário mínimo (62%).
“Há uma percepção geral de que o tema é importante e que sediar a conferência é positivo para o Brasil. Agora, o desafio para organizadores e poder público é transformar esse apoio em um engajamento informado e participativo, conectando as discussões da COP30 no Pará com o dia a dia das pessoas”, analisa Márcia Cavallari, diretora da Ipsos-Ipec.
Por Keli Vasconcelos – Jornalista
Foto: Manu Reyes – Freepik
