Sabemos como a transição energética é essencial para a manutenção do planeta e de todos que vivem. Agora uma constatação ainda se sobrepõe, especialmente no Brasil: a promoção de oportunidades de trabalho e renda, com potencial de gerar 7 milhões de empregos até 2030. De acordo com dados da International Renewable Energy Agency (IRENA – Agência Internacional de Energia/IEA), o país já concentra 26% da força de trabalho global da bioenergia, empregando 1,16 milhão de pessoas, distribuídas entre as áreas de produção de insumos agrícolas, plantas industriais e logística.
Os indicadores serviram como base para o relatório Shaping Brazil’s Workforce for a De-fossilized Economy”, realizado pela Schneider Electric, especialista global em tecnologia de energia, e a consultoria Systemiq. Segundo estimativas, a bioenergia deve triplicar sua presença na matriz global até 2050, passando de 7% para 18%, e o país pode encabeçar essa participação.
Empregos verdes
Até 2030, na outra ponta, será necessário qualificar 450 mil novos profissionais, dos quais 75 mil técnicos e engenheiros receberão treinamento em tecnologias digitais e eficiência energética e outros 380 mil precisarão de reciclagem e formação técnica básica, com foco em segmentos de produção agrícola e logística, frisa o levantamento.
“Estamos diante de uma oportunidade de redesenhar o vínculo entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade. O desafio não é apenas gerar empregos, mas garantir que sejam qualificados, verdes e inclusivos. O Brasil pode se tornar um modelo global de como preparar a força de trabalho à nova economia de baixo carbono”, comenta Patricia Ellen, sócia da consultoria.
Jovens e empregabilidade
Outro estudo, este da Agenda Pública e Fundação Grupo Volkswagen, em parceria com a Fundação Grupo Volkswagen, revela que país pode criar 7 milhões de empregos verdes até 2030 e 15 milhões até 2050. Além da transição energética e bioeconomia, economia circular e mobilidade estão no rol de áreas com alta empregabilidade.
Especialistas destacam ainda que os impactos da descarbonização podem impulsionar mais esse movimento, com foco aos que estão ingressando no mercado. Para Vitor Hugo Neia, diretor-geral da Fundação, além de políticas públicas estruturantes em todas as esferas de governo, se faz necessária a promoção de qualificação profissional para todas as pessoas.
E não é para menos: o levantamento frisa que 42% dos jovens negros entre 18 e 24 anos estão fora da escola ou do ensino superior, enquanto pessoas brancas, na mesma faixa, o índice cai para 22%. “Transição justa só vai ser justa de fato se vier com inclusão produtiva, mobilidade social, sem deixar ninguém para trás”, salienta Neia, à Agência Brasil.
Por Keli Vasconcelos – Jornalista
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