Reciclagem

Identificação e rastreabilidade: cadeia de plásticos ainda enfrenta desafios em ampliar a cobertura de reciclagem

Identificação e rastreabilidade cadeia de plásticos ainda enfrenta desafios em ampliar a cobertura de reciclagem - Fitec Tec News

Polietileno, polipropileno, PVC. Esses são alguns dos nomes de matérias-primas plásticas e a norma NBR 13.230 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) traz a simbologia de sua identificação, geralmente com siglas e números. Já o símbolo que remete à reciclagem em si estão presentes em todos os produtos, plásticos ou não. A ideia foi criada em 1971, em um concurso promovido pela empresa americana Container Corporation of America, e as famosas setas que representam os ciclos infinitos foram inspiradas na fita de Möbius, tornando-se um símbolo universal.

Meio século depois, esse selo ainda estampa embalagens no mundo todo, mas o ciclo real de reaproveitamento permanece longe de ser completo. É o que afirma Silmara Neves, cofundadora da IQX, desenvolvedora de aditivos para reciclabilidade de plásticos mistos. “O problema não é o símbolo em si, mas a falta de estrutura, informação e tecnologia para que a reciclagem aconteça de forma efetiva”, explica.

Isso se deve porque, mesmo rotuladas como recicláveis, algumas embalagens plásticas contam com multicamadas, como as de café e molhos. “Elas não se misturam entre si sem perdas de qualidade ou simplesmente não entram no processo de reprocessamento. Na ausência de tecnologias que solucionem essa incompatibilidade, os resíduos são considerados rejeitos, sem valor de mercado”, frisa a gestora da companhia, focada na produção de aditivos compatibilizantes que permitem polímeros diferentes sejam misturados sem comprometer a performance do material final.

 

De olho nas embalagens de plásticos 

A Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST, 2024, base 2023) estima que o índice de reciclagem mecânica de embalagens plásticas no país é de 24,4%. Isso significa que, apesar de muitas delas prometerem reciclabilidade, três em cada quatro não retornam à cadeia produtiva.

Para melhorar esse cenário, a Associação Brasileira de Embalagem (ABRE) conta com o projeto Lupinha, que utiliza um QR Code nos produtos para fornecer informações detalhadas ao consumidor, incluindo dados nutricionais, e, principalmente, orientação sobre o descarte correto, melhorando a triagem e facilitando o trabalho das cooperativas.

 

Certificação

A ser apresentado na COP30, o governo federal desenvolveu o Recircula Brasil, plataforma pública em parceria com Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e ABIPLAST, que promete estabelecer um padrão de certificação e rastreabilidade para a economia circular, assunto, aliás discutido na edição anterior da COP e já tratado aqui.

Para tanto, o sistema cruza informações de documentos, como as notas fiscais eletrônicas, e calcula o chamado balanço de massa, ou seja, a quantidade de entradas e saídas de insumos reciclados em cada etapa, resultando na emissão de selos de rastreabilidade e conteúdo reciclado a quem comprovar o uso real do material.

“A ideia é transformar o que antes era apenas uma declaração voluntária em uma evidência mensurável e auditável. O Recircula Brasil já opera com uma base sólida de dados setoriais, lastreados em documentos oficiais”, comenta Ricardo Cappelli, presidente da ABDI, ao g1.

 

Por Keli Vasconcelos – Jornalista

 

Foto: Andrea Rankovic; Freepik

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