A COP30 evidenciou que a confiabilidade dos dados climáticos permanece como um dos principais entraves para o avanço de metas ambientais globais. Apesar do volume de compromissos anunciados em Belém, o encontro revelou inconsistências na forma como países e setores medem, reportam e atualizam suas emissões. Para a Blockforce, empresa cujo foco é rastreabilidade por meio de blockchain e inteligência artificial, a conferência reforçou que a agenda climática só avançará com infraestrutura digital capaz de garantir precisão, padronização e audibilidade dos dados.
Durante a Conferência, as discussões sobre transição nos setores de energia, indústria e transporte mostraram que grande parte dos inventários de emissões ainda apresenta lacunas, metodologias incompatíveis e dificuldade de atualização. Em muitos casos, as informações que embasam metas climáticas não refletem o cenário real de emissões.
Pós-COP30 fomenta soluções tecnológicas
Durante a COP, o painel sobre o tema “Do compromisso à implementação: Plataformas de soluções para a transição climática” discutiu sobre a passagem das promessas e planos de sustentabilidade para ações concretas no combate às mudanças climáticas. Esse e outros debates durante a COP30 evidenciaram que, sem dados claros, padronizados e auditáveis, torna-se impraticável mensurar resultados ou responsabilizar agentes públicos e privados pela execução e pelos impactos de projetos urbanos.
É consenso que o uso da tecnologia é o pilar base para solucionar esse desafio, e é dessa forma que soluções envolvendo blockchain e inteligência artificial se apresentam como novos recursos para enfrentar essas inconsistências. Um exemplo prático é a Calculadora de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), ferramenta que permite estimar, atualizar e visualizar emissões com base em metodologias padronizadas. Ao ser integrada a tecnologias como blockchain e inteligência artificial, a calculadora ganha capacidade operacional adicional: os inventários podem ser organizados em registros imutáveis e atualizados automaticamente.
Para Rafael Mandia, COO da Blockforce, o desafio pós-COP30 é transformar recomendações em práticas operacionais. “Isso envolve digitalizar dados ambientais, padronizar informações utilizadas em inventários e relatórios ESG, definir claramente o que deve ser registrado, integrar registros aos indicadores climáticos e estabelecer mecanismos permanentes de auditoria. O objetivo é reduzir inconsistências, evitar greenwashing e permitir comprovação de origem e impacto com base em dados verificáveis”, afirma.
Mandia também destaca que a integridade da informação climática deve ganhar protagonismo nos próximos ciclos de negociação internacional, especialmente diante da expansão de tecnologias generativas e do aumento de dados inconsistentes circulando entre governos, empresas e organizações multilaterais. Para ele, a COP30 deixou claro que a transição climática depende mais da capacidade de garantir que as informações que sustentam esses compromissos sejam confiáveis, rastreáveis e tecnicamente robustas.
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