Chegamos ao período do ano em que o apelo do consumo e o corre-corre até o presente ideal exaspera, deixando muitas vezes de lado o significado mais puro, ou seja, a solidariedade. Eis que essa atitude nobre combinada com a sustentabilidade entra em cena, a exemplo da Marina Itajaí (SC), complexo náutico que pretende entregar brinquedos feitos com o plástico recolhido do entorno e em áreas próximas ao rio Itajaí-Açu.
A ação se iniciou em outubro, no mutirão de limpeza “Baía Limpa” que mobilizou mais de 100 colaboradores, parceiros e voluntários na coleta de resíduos plásticos descartados na região irregularmente. O material recolhido, juntamente com tampinhas de garrafa PET, resultou na fabricação de 130 brinquedos, que serão distribuídos às crianças assistidas pelo Parque Dom Bosco, obra social que atende crianças e adolescentes no contraturno escolar, e pela Casa Biel, instituição que os pequenos em tratamento contra o câncer e suas famílias.
Os itens foram construídos pela a ONG Eco Local, que há três anos desenvolve ações conjuntas com a marina. “Envolver entidades sociais da cidade é uma forma de aproximar ainda mais o complexo náutico da comunidade. Quando tiramos plástico do rio e o devolvemos em forma de brinquedos, criamos um ciclo positivo. Reduzimos o impacto ambiental, estimulamos a conscientização e, ao mesmo tempo, levamos alegria para as crianças”, comemora Carlos Gayoso de Oliveira, diretor da Marina Itajaí.
Prática da doação dos brinquedos sustentáveis
Doar, além de uma ação solidária e sustentável, também estimula a cultura do consumo consciente e do desapego desde cedo. Obviamente, esse processo pode não ser fácil, principalmente se aqueles brinquedos, mesmo deixados de lado, ainda gerem algum apego à criança.
Para o psicólogo infantil Luan Zinly, ao g1, doar um brinquedo antigo traz a possibilidade de gerar impactos importantes na formação das emoções aos pequenos, pois aprendem que amar também envolve deixar ir o que foi bom anteriormente. Ao explicar, ele comenta, que aquele objeto vai deixar sensações boas, mas não mais fisicamente, torna o ato ainda mais potente, já que haverá o sentimento de gratidão por o que aquilo foi àquela criança e aquela família.
Já Luciana Araújo, educadora e neuropedagoga, ao site Bebê, endossa ainda que esse estímulo também transmite valores como o poder de união, empatia e afeto, especialmente na primeira infância, quando se espelham mais profundamente ao que os adultos estão fazendo. Ou seja, ao ver a prática da doação, as crianças compreenderão a importância disso na vida dela e se sentirá estimulada a doar também.
Por Keli Vasconcelos – Jornalista
Foto: Divulgação – Marina Itajaí
