Florestas concessionadas na Amazônia geraram uma arrecadação de R$ 240 milhões de recursos públicos e incrementos de 62% no nível de emprego e de 27% na massa salarial do setor, além de limitarem o desmate a 2% nessas áreas. Esses são alguns dos resultados da pesquisa inédita feita pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), em parceria com o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e a consultoria Systemiq, e apoio do UK PACT (UK Partnering for Accelerated Climate Transitions). O cenário favorece as concessões no setor.
“As concessões florestais são um exemplo de solução baseada na natureza e que confirma o potencial brasileiro de ser uma liderança climática. A oportunidade agora é expandir o modelo e atrair investimentos, gerando empregos e renda, conservando a floresta”, comenta Renato Rosenberg, diretor de Concessões Florestais do SFB.
Dados administrativos, geoespaciais e técnico-operacionais de plataformas públicas (Prodes e Simex), monitoramentos, entrevistas qualificadas e evidências documentais pavimentaram o estudo. “Analisamos desde a criação das concessões federais no país e a conclusão é que são um exemplo de como a gestão pública eficiente e o investimento sustentável podem ser motores da transição para uma economia de baixo carbono”, arremata Leonardo Sobral, diretor de Florestas e Restauração do Imaflora.
O estudo Concessões Florestais Federais na Amazônia Legal: Avanços socioeconômicos e ambientais em quase 20 anos de política pública pode ser acessado neste link.
Desafios e oportunidades nas concessões
Rosenberg salienta que o desafio para expansão das concessões está na necessidade de promover o processamento da madeira nas próprias localidades, promovendo a maior diversificação produtiva, com atividades de serviço e indústria, e consequente aumento do PIB e da arrecadação no território.
Para Samuel Lloyd, ex-aluno do Mestrado Profissional em Gestão para Competitividade (MPGC), com ênfase na Linha de Sustentabilidade, da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP), esse sistema promove a conservação ambiental de áreas protegidas, porém ainda desperta questionamentos sobre impactos nas comunidades locais e na governança.
“Não se trata apenas de ter uma gestão profissional da parte das concessionárias, mas também de garantir que o governo tenha uma atuação fiscalizadora. É essencial que a presença do estado seja constante, e que as concessionárias sigam ritmos contratuais e cumpram responsabilidades para que os benefícios sejam aproveitados de forma justa”, explica o pesquisador, que investigou esses impactos nos Parques Nacionais de Aparados da Serra e Serra Geral, na região sul do Brasil.
Por Keli Vasconcelos – Jornalista
Foto: Imaflora
