As enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul ano passado impulsionaram uma mobilização nacional a favor da reconstrução de vidas de pessoas vitimadas por essa tragédia. Uma das articuladoras foi o Instituto Justiça (IJ), que nasceu em 2020, na cidade de São Paulo, em meio a outro desafio anterior: a pandemia.
Fundado por Luis Felipe e Indiara Dias de Souza, o IJ surgiu com um propósito de levar justiça social às populações mais vulneráveis. E no caso do Rio Grande do Sul, a entidade, juntamente com a Ciclo Reverso, empresa de Porto Alegre, implantou o Recria-se, que tem em seu escopo a transformação de resíduos têxteis em produtos sustentáveis e empreendedorismo.
Justiça social e reciclagem
A ideia surgiu durante a triagem das roupas doadas, pois a maioria não tinha condições de uso e a destinação seria o descarte em aterros sanitários. “Olhamos aquela montanha de peças têxteis e nos perguntamos o que poderíamos fazer para aquilo não virar ainda mais lixo. Assim nasceu o Recria-se”, relembra Indiara Dias de Souza, fundadora e diretora geral do IJ.
Em números, 1,3 tonelada de resíduos têxteis foram reciclados e 64 mulheres integrantes da Rede de Economia Circular da Ciclo Reverso foram qualificadas em corte, costura e técnicas de macramê, além de serem remuneradas pelo trabalho, que rendeu até o momento R$ 69,2 mil. “É incrível observar o crescimento coletivo da comunidade e, ao mesmo tempo, o desenvolvimento pessoal e realização individual que esse processo viabiliza”, comemora Liliane Linhares, diretora da Ciclo Reverso.
“Do que são feitas minhas roupas?”
A pergunta é uma reflexão do Instituto Fashion Revolution Brasil para a campanha Setembro de Segunda Mão, um impulso consciente de ações por um mercado de moda mais sustentável e circular. Para tanto, a entidade convida voluntários, estudantes, educadores e comunidades no Brasil a promoverem atividades de estimulo ao uso de roupas já existentes e repensar a cultura de consumo.
O movimento é inspirado no Second HandS eptember, criado pela ONG Oxfam em 2019, que busca sensibilizar sobre os impactos ambientais da chamada fast fashion ou moda rápida, que é responsável, por exemplo, pelas montanhas de peças que se acumulam no deserto do Atacama, norte do Chile, podendo ser vistas do espaço.
O chamado é crucial: segundo informações da Fundação Ellen MacArthur, divulgadas pelo Ciclo Vivo, ao optar por roupas de segunda mão, a emissão de carbono é reduzida em até 82%, que ao adquirir itens novos.
Por Keli Vasconcelos – Jornalista
Foto:Divulgação – Instituto Justiça
