Em um mundo cada vez mais ansioso, pensar em Felicidade Interna Bruta (FIB) pode parecer um desafio, mas esse índice é reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD / UNDP) e um assunto pertinente na jornada a favor de um presente mais sustentável.
A metodologia foi criada na década de 1970 pelo Centro de Estudos do Butão e tem como base o desenvolvimento sustentável, o bem-estar coletivo e a equidade social, apoiada em quatro pilares: boa governança, desenvolvimento socioeconômico sustentável, preservação cultural e conservação ambiental, se desdobrando em nove domínios: saúde, bem-estar psicológico, educação, vitalidade comunitária, resiliência cultural, diversidade, padrão de vida, resiliência ecológica, entre outros.
As notas que vão de 1 a 5, sendo que quanto mais próximo de 5, maior é a felicidade. A cada cinco anos, 12 mil cidadãos butaneses são entrevistados para medir o grau de satisfação e orientar todas as políticas públicas. “O FIB mede a prosperidade de uma sociedade de forma holística, indo além dos números puramente econômicos. No Butão, o FIB é mais importante que o PIB (Produto Interno Bruto)”, explica Renata Rocha, fundadora do YOUniversality e uma das especialistas que trouxe o conceito ao Brasil, ao ABC do ABC.
Pioneirismo em prol da Felicidade Interna Bruta
Fernando de Noronha é a primeira região do Brasil a medir o FIB. A coleta de dados foi feita por meio de um aplicativo desenvolvido pela Aguama, empresa de gestão e marketing ambiental, que registrou as respostas e calculou o índice coletivo de felicidade da população local.
Ao todo, ouviu 475 moradores da ilha em setembro de 2025, com 244 respostas válidas, utilizando o questionário oficial do Butão adaptado à realidade local. Os resultados revelaram que 42,6% dos moradores foram classificados como “moderadamente felizes” e 45% como “infelizes”. Diversidade Cultural e Resiliência (78,88%), Saúde (60,02%) e Bem-Estar Psicológico (60,08%) forma os que tiveram melhor pontuação, enquanto Boa Governança (30,54%), Uso do Tempo (25,02%) e Diversidade Ecológica e Resiliência (39,97%) foram os menos bem-avaliados.
“O FIB representa um novo paradigma de desenvolvimento e nos convida a repensar o que entendemos por progresso. Mais do que medir o crescimento econômico, o FIB traz um olhar humano e sustentável para o desenvolvimento da região. Esse indicador nos ajuda a entender como a população se sente, quais são suas necessidades e o que realmente importa para garantir qualidade de vida e um futuro equilibrado para os moradores”, comenta Caio Queiroz, CEO da Aguama Ambiental, que desde 2017 atua localmente na região.
Por Keli Vasconcelos – Jornalista
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