Sabemos que a agenda ESG vai além de planilhas, dados e mensurações. Trata-se de uma mudança de paradigmas e conceitos, o que implica uma série de fatores que impactam as empresas e é também um processo contínuo. Nisso, as empresas estão no caminho: segundo levantamento do Instituto de Responsabilidade Socioambiental (IRES), da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB), em parceria com a Grant Thornton Brasil, 91% das entrevistadas afirmam que a sustentabilidade já faz parte do discurso estratégico delas.
Na outra ponta, apenas 20% possuem um plano de compensação de emissões de carbono, 43,4% não fazem inventário de gases de efeito estufa (GEE) e47,6% sequer publicam informações ESG em relatórios anuais. Em compensação, 82% das companhias respondentes incluem a sustentabilidade na agenda dos órgãos de governança, e 83% têm sistema de compliance ativo.
“A pesquisa evidencia descompassos importantes. A falta de estrutura formal, como matriz de materialidade, políticas de compras sustentáveis ou indicadores de impacto, limita o avanço desse conceito de forma efetiva e mensurável”, frisa Daniele Barreto e Silva, especialista em ESG da Grant Thornton Brasil, ao ESG Inside.
Tirando o ESG do papel
Outro estudo (2024), este da Beon ESG em parceria com a consultoria Nexus e a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), mostra que 51% das médias e grandes empresas já possuem estratégia formal de sustentabilidade e 43% definiram metas ambientais, mas somente 20% publicaram relatórios sobre no último ano.
Isso demonstra que apesar do aparente avanço na pauta, muitas organizações ainda encontram dificuldades para transformar discurso em prática. Débora Pierini Longo, diretora-presidente do Instituto Paulista de Excelência da Gestão (IPEG), comenta que a comunicação, a adesão e a tecnologia, como o uso da Inteligência Artificial (IA), são caminhos que podem orientar as empresas em sua jornada de maturidade, organizando a evolução e avaliando processos e resultados, além de identificar lacunas e priorizar iniciativas de maior impacto, integrando as metas ESG aos KPIs operacionais.
“A tecnologia funciona como aceleradora, ampliando consistência e produtividade, sem substituir o papel humano no julgamento técnico. Para as empresas, essa combinação permite simular cenários, identificar riscos e comunicar resultados de maneira estruturada e rapidamente”, reforça a gestora.
Por Keli Vasconcelos – Jornalista
Foto: katemangostar–Freepik
