Sustentabilidade

Pesquisas sobre rios voadores revelam a importância da preservação da floresta

Pesquisas sobre rios voadores revelam a importância da preservação da floresta - Fitec Tec News

Os rios voadores, massas de vapor d’água que se formam na atmosfera sobre a Amazônia e viajam milhares de quilômetros, transportando umidade da floresta até o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país, não é somente um fenômeno natural, mas determinante para a manutenção da natureza.

Amplamente estudado desde os anos 1990, agora ganha novo peso diante das evidências científicas mais recentes. Um artigo publicado na revista Nature Communications quantifica pela primeira vez o impacto do desmatamento sobre as chuvas e as temperaturas da Amazônia e, consequentemente, no funcionamento dos rios voadores.

O estudo liderado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) revela que 74,5% da redução das chuvas e 16,5% do aumento das temperaturas na Amazônia são consequência direta do desmatamento, ao analisar dados de 35 anos (1985–2020) em 29 áreas da Amazônia Legal. A perda de vegetação reduziu em média 21 milímetros de chuva por estação seca, enquanto a temperatura máxima subiu 2 °C nas últimas três décadas e meia.

“Quando removemos a floresta, eliminamos o principal produtor de vapor d’água. É como desligar uma usina hidrológica continental. Os efeitos desse desequilíbrio já são perceptíveis fora da Amazônia. As massas úmidas que antes abasteciam o Centro-Oeste e o Sudeste estão enfraquecendo, afetando o regime de chuvas e a rentabilidade das lavouras”, alerta um dos autores do artigo, o professor Marco Aurélio de Menezes Franco, do Departamento de Ciências Atmosféricas do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP (IAG-USP).

 

Povos originários e ligação com os rios

 

Outro estudo, este Instituto Serrapilheira mostra também a importância de manter a floresta em pé, conservar os rios e o respeito aos povos originários. A pesquisa indica que as terras indígenas da Amazônia influenciam as chuvas que abastecem 80% da área das atividades agropecuárias no país.

Ao menos 18 estados e o Distrito Federal fazem parte da área de influência de terras indígenas amazônicas e as chuvas vindas desses territórios diretamente auxiliam a segurança alimentar do Brasil, pois a participação da agricultura familiar no valor da produção total supera 50% em vários estados influenciados, destaca a pesquisa. Atualmente, as terras indígenas ocupam 23% da Amazônia Legal, ou seja, mais de 450 territórios com 403,6 mil indígenas, tornando-se guardiões no combate ao desmatamento. Entre 2019 e 2023, dos 4,4 milhões de hectares desmatados, apenas 3% (130,2 mil hectares) ocorreram dentro das terras indígenas.

“Isso acontece porque muitas das atividades, como a agricultura familiar, são realizadas de forma integrada ao ecossistema, preservando o meio ambiente. Portanto, há uma relação intrínseca entre a proteção territorial de povos indígenas e a conservação da biodiversidade”, informa matéria da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer).

Por Keli Vasconcelos – Jornalista

Foto: reprodução: sp-amazon.org

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