O Censo Agropecuário de 2017 revelou que 351 milhões de hectares de matriz produtiva no Brasil, 159 milhões são ocupados por pastagens. E destes, segundo outro levantamento, o do MapBiomas (2022), 52% apresentavam algum nível de degradação. Esse cenário descortinou uma série de ações para mudança, como o Programa Nacional de Pastagens Degradadas (2023), que tem em seu escopo estimular a conversão e manejo sustentável de áreas degradadas em tais produções.
Dentro de seu guarda-chuva está o Plano ABC, mais amplo, promovido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para estimular a agricultura de baixo carbono no país. Para tanto, o BNDES é o incentivador do RenovAgro, Programa de Financiamento a Sistemas de Produção Agropecuária Sustentáveis. Esse ponto foi tema de estudo da pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Análise de Políticas Públicas, no campus da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Franca, SP, que avaliou o impacto que as linhas de crédito oferecidas pelo programa tiveram na adoção de tecnologias e práticas sustentáveis pelos produtores rurais de Minas Gerais.
Recuperação de áreas degradadas
Segundo os autores, o fluxo de créditos do Programa ABC alcançou, os municípios com maior quantidade de pastagens degradadas, e, consequentemente, concentraram a maior redução de áreas de pasto degradado. A média de concentração foi de 16,5% das pastagens degradadas do estado, enquanto os que não acessaram o crédito abrigavam, em média, 9,6%.
“O programa foi eficiente em reduzir a área de pastagens semidegradadas e no aumento das sem degradação. A avaliação da política pública e a constatação do impacto positivo aos objetivos do programa são relevantes quando se observa o contexto da produção pecuária brasileira e a sua relação com o esse problema crônico presente no país”, endossa Marcelo Odorizzi de Campos,engenheiro agrônomo que conduziu o estudo.
Assunto urgente, estudos prolongados
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), as perdas estimadas com a degradação de pastagem podem chegar a R$ 7 bilhões/ano, resultado da queda na produção de carne e leite e dos altos custos para recuperação.
Na opinião de Thiago Neves Teixeira, da Sementes Oeste Paulista (Soesp), se faz necessário um manejo adequado do pasto, o que envolve conhecimento sobre o assunto e a escolha correta de espécies forrageiras, além de evitar práticas como o uso recorrente do fogo, que podem desencadeara incidência de pragas, que intensificam os danos.
O especialista, ao AgroLink, salienta ainda que a recuperação direta é indicada onde degradação está em fase inicial,com correção do solo, adubação e controle de espécies invasoras. Já na renovação direta, se faz necessário o estudo e preparo completos de solo e replantio, o que mais expertise, investimento e, principalmente, tempo de espera para os resultados.
Por Keli Vasconcelos – Jornalista
Foto:Ricardo Reis – Jornal da Unesp
