Energia

Curtailment causa perdas de R$ 1,7 bilhão e expõe falhas de conectividade na geração renovável brasileira

Curtailment causa perdas de R$ 1,7 bilhão e expõe falhas de conectividade na geração renovável brasileira - Fitec Tec News

 Entre janeiro e agosto de 2025, o setor de energia renovável no Brasil registrou perdas de R$ 1,7 bilhão (US$ 315 milhões) por conta do curtailment, segundo a H2-CCS Network. O termo, que descreve a redução forçada da geração de energia devido a limitações na rede elétrica, tem se tornado um dos maiores desafios do setor. À medida que cresce a participação das fontes limpas na matriz, o sistema nacional enfrenta dificuldades para escoar toda a energia produzida, principalmente em regiões com infraestrutura de transmissão insuficiente.

Apenas em agosto, as geradoras renováveis acumularam prejuízos de R$ 881 milhões, conforme o portal Click Petróleo e Gás. A geração solar centralizada foi a mais impactada: em junho, 27,8% do potencial de injeção foi desperdiçado, segundo dados da Megawhat. Nos primeiros oito meses do ano, a média de energia solar cortada chegou a 13,7%, superior aos 9,7% registrados entre abril e dezembro de 2024. O problema ameaça a previsibilidade financeira das geradoras e atrasa o avanço da transição energética no país.

 

Desafios do curtailment

Para enfrentar o curtailment, especialistas defendem o uso de tecnologias que ampliem a conectividade e o controle das plantas de geração. De acordo comCláudio Calonge, CEO da Briskcom, provedora de soluções de conectividade via satélite fundada em 2003 e especializada em operações de missão crítica, a falta de conectividade adequada nas regiões de geração é hoje um dos principais gargalos tecnológicos do setor. “Temos clientes com parques eólicos e solares localizados a centenas de quilômetros de centros urbanos, onde a comunicação é instável. Quando a supervisão de dados e alertas ocorre com atraso, o operador perde a capacidade de reagir rapidamente e minimizar perdas. É nesse ponto que a conectividade de alta disponibilidade se torna decisiva”, explica o executivo.

Segundo Calonge, a conectividade deixou de ser um diferencial tecnológico e passou a ser uma condição básica para a eficiência das usinas. “Não adianta termos parques solares altamente produtivos se a informação não chega com a mesma velocidade da geração. A comunicação é o elo que garante que toda a inteligência do sistema, como sensores, algoritmos e centros de controle, funcione de forma integrada. Sem isso, a inovação fica pela metade”, afirma.

Nesse cenário, soluções de comunicação via satélite e redes híbridas têm ganhado espaço como alternativa para reduzir perdas e garantir a operação contínua das usinas. Ao combinar diferentes tecnologias, essas redes asseguram conectividade mesmo em áreas remotas, permitindo o monitoramento em tempo real e a tomada de decisão baseada em dados. Para Calonge, esse tipo de infraestrutura é o que permitirá ao setor avançar com segurança rumo à digitalização. “A comunicação confiável é o que transforma dados em ação. É ela que permite reagir a tempo, evitar desperdícios e manter a eficiência mesmo em condições adversas”, destaca o executivo.

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